O Blog da mulher que pensa

Em primeiro lugar, permita que eu me apresente, pois meu intuito é compartilhar interesses e experiências femininas, obter e repassar informações , tornando o dia a dia do universo "mulher" mais dinâmico, prático e descontraído, já que sabemos das dificuldades que nos cercam, tanto as solteiras, como as casadas, com ou sem filhos, separadas, viúvas, não importa a condição.
Portanto, sou mulher, gaúcha da fronteira , nascida em Santana do Livramento, casada e ainda sem filhos, atualmente moro em Rivera no Uruguai, trabalho no comércio e em casa também...
Sejam bem vindos homens, por que não?! Afinal somos mulheres inteligentes, que pensam, logo, aceitam críticas e sugestões, desde que tenha um fundamento de acordo com nossos princípios.
Bom, era isso e fiquem à vontade para opinar ok?!

9 de janeiro de 2011

Dilma e o fetiche da mulher no poder
GUILHERME FIUZA
  Reprodução
GUILHERME FIUZA 
é jornalista. Publicou os livrosMeu nome não é Johnny, que deu origem ao filme, 3.000 dias no bunker e Amazônia, 20º andar. Escreve quinzenalmente em ÉPOCAgfiuza@edglobo.com.br
O discurso da vitória da presidente eleita Dilma Rousseff foi surpreendente. Principalmente pelo que não foi dito. Ou pelo que não foi chorado. Dilma resistiu à tentação do brado emocional, contrariando o estilo canastrão de seu padrinho e de sua própria candidatura. Fez um discurso sóbrio, sem nenhum vestígio do “nós contra eles” – onipresente nos palanques de Lula e sua trincheira imaginária contra as elites. Não foi uma fala de quem quer impressionar, mas de quem quer trabalhar.
E Dilma vai precisar trabalhar muito – antes de tudo, para descobrir quem é esse personagem que Lula criou para ela. A “presidenta” parece levemente desnorteada. Em seu bom discurso, expressou compromisso claro com a estabilidade econômica. Mas como se faz isso na prática? Aí as estações começam a se misturar entre os brindes da festa e as medidas de governo – que não podem mais ser aquelas que o marqueteiro dá uma embelezada e joga no ar.
A presidente eleita decidiu defender, então, o controle dos gastos públicos. Um compromisso importante, depois da farra fiscal que se viu na DisneyLula. Declarou Dilma: “O povo brasileiro não aceita que governos gastem acima do que seja sustentável”. No dia seguinte, porém, ela estava propondo um remendo no cálculo do salário mínimo para aumentar seu valor em 2011. Disse também que quer criar mais um ministério, só para as pequenas empresas. Por enquanto, com esses jeitinhos e gambiarras administrativas, é a austeridade do crioulo doido.
O governo que virá à luz em 1º de janeiro ainda não sabe, evidentemente, como vai domar a gastança pública. Ainda mais tendo de saciar o PT e o PMDB, as maiores bocas do fisiologismo nacional. Dilma fez o movimento certo, corajoso, ao incluir o controle fiscal em sua primeiríssima fala. Falta agora conversar com alguém que entenda do assunto, deixando para trás sua tecnologia de madrinha de Erenice e mãe da companheirada na máquina estatal. A conta precisa fechar.
Em matéria de economia, falta entender, também, que os remendos populistas um dia estouram – como se vê na Venezuela chavista e na Argentina dos Kirchners. Aí só resta amordaçar os jornais, principal medida dos dois vizinhos contra a derrocada econômica. É por isso que chega a causar arrepios o anúncio, pela presidente eleita, de um Fundo Social do Pré-Sal.
A primeira mulher presidente rende boas manchetes. Mas o melhor é arregaçar as mangas
É o velho truque orçamentário de criar uma rubrica politicamente correta para lavar a gastança. Pode parecer uma saída esperta, mas no final o tombo é o mesmo. Se a economia pega um vento de través – o que Lula não soube o que é –, não há populismo que segure os navegantes. Talvez Dilma só compreenda essa equação no dia em que tiver de cortar Bolsa Família. Espera-se que a ficha caia antes.
O bom discurso da presidente eleita, na verdade, começou mal. Antes de expressar de forma firme e serena seus compromissos com a sociedade, sem partidarismos, ela piscou um olho para a demagogia. “Gostaria muito que os pais e as mães de meninas olhassem hoje nos olhos delas e lhes dissessem: sim, a mulher pode!”
Não, a mulher não pode. Não pode usar sua condição natural como escudo retórico para a ação política. Já basta o debate artificial sobre o aborto, do qual a própria Dilma foi vítima na campanha. Essa mistificação é perigosa, como o mundo acaba de ver no outro fenômeno do “sim, nós podemos” – o negro como fetiche da felicidade social.
Barack Obama foi eleito em meio a uma apoteose histérica de redenção política. Tratava-se de um bom candidato, mas qual era a grande credencial mágica que o planeta lhe atribuía? Ser negro. Agora seu país está em crise, e ele se diz humilhado pela derrota nas eleições parlamentares. A cor de sua pele continua a ser um grande símbolo, mas administrativamente não quer dizer nada.
A primeira mulher presidente do Brasil rende boas manchetes. Mas o melhor é abortar o fetiche e arregaçar as mangas.

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